Acad. Rubens Teixeira (Cad. 37)
Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe. Mateus 12:50
Em Gênesis 1 diz que Deus criou a natureza. Em Genesis 2 diz que Deus criou o homem e a mulher.
Deus sempre teve interesse de interagir com o ser humano e sempre o procurou para isso. O homem era o mais necessitado, mas Deus sempre mostrou-se o mais interessado nesta relação.
Deus nunca obrigou o homem a nada, nem a crer nele e nem a reconhecê-lo. Deus sempre pediu essa devoção voluntária ao homem.
Por muitas vezes o homem desobedeceu e sofreu as conseqüências da sua desobediência, mas Deus deixou prevalecer a escolha (e aqui não quero entrar no debate que anima calvinistas e arminianos. Vamos guardar o que temos de consenso sobre o entendimento desta parte).
Deus criou o homem de forma especial (Gn 2.7, Sl 139.14), colocou em si o seu próprio fôlego de vida (Gn 2.7), deu inteligência e autoridade sobre os demais seres viventes (Gn 2).
E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. Gênesis 2:7
Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Salmos 139:14
Deus criou os demais seres vivos, animais, vegetais, organizou a geologia, hidrologia, tudo mediante ordem. Ele dizia “Haja...”. Se ele dissesse “haja” e eu aparecesse já seria terrivelmente maravilhoso ser criado pela ordem do Eterno. Mas ele me fez.
Deus estabeleceu regras muito complexas para o funcionamento da natureza. Essas regras chocam, desafiam e exigem muitos anos para os homens as entendê-las bem, como são as regras da química orgânica e inorgânica, da física clássica, da física quântica, da genética, da biologia etc. São tão complexas que para mapear alguns dos fenômenos são necessários conhecimentos que somam um aparato de física, química e matemática complexos.
Todavia, ocorre um tremendo paradoxo. De imediato quando os criou, Deus ordem, desde aos planetas até aos átomos, plantas e animais acerca de como deveriam ser comportar para que tudo na natureza funcionasse de forma sincrônica, bonita e equilibrada. E cada ente da natureza, desde os átomos, moléculas, as plantas, os planetas, as galáxias, o universo, os seres vivos, desde os mais rústicos como os vírus, até os mais complexos, exceto o ser humano.
Para o ser humano Deus deu uma ordem bastante simples: não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.16,17). Acompanhado desta ordem, empoderou tremendamente o ser humano em relação a toda a criação. Presentão para o ser humano.
Então a natureza funcionava muito bem, em paz e harmonia. Deus tinha uma rotina de visitar o homem diariamente pela tarde. Até que um dia, um dos seres mais rústicos da natureza, usado pelo inimigo de Deus, despertou a curiosidade da mulher e, esta, despertou a do homem e ambos descumpriram a ordem simples que Deus havia lhes dado.
Evidentemente que a repulsa de Deus foi enorme e Deus lhes deu uma terrível punição. Alias, deu uma punição para cada ator desta terrível desobediência. Menos para o idealizador delas. Afinal, ele já estava sentenciado por antecipação.
Deus poderia ter exterminado o ser humano por isso, Afinal, tão inteligente e não conseguiu cumprir uma ordem tão básica? No mundo corporativo, ou da administração pública, este homem estaria demitido, excluído do processo.
Deus puniu a todos, inclusive o homem. Vieram conseqüências terríveis, mas Deus, ainda assim, não desistiu da sua criação fundamental.
Só que a partir daí, o ser humano procriou, aumentou tremendamente o número de homens e mulheres, e aumentou também de forma talvez mais intensa a desobediência e desrespeito as leis básicas dadas aos seres humanos. Enquanto isso, a natureza manteve-se obediente às complexas ordens dadas pelo criador, desde átomos até galáxias, desde as plantas, até os animais.
Quando a situação humana degenerou, a Bíblia diz que Deus arrependeu-se de ter feito o homem, mas mostrando que a força do seu arrependimento era menor que a força do seu amor por sua criação. Por isso, Deus planejou a recuperação da natureza humana degenerada.
Como dito em Salmos 101.6, Deus está sempre a procura dos fies. E, neste aspecto, Noé estava no radar do Criador. Quem sabe se Noé não tivesse Deus não daria uma solução ainda mais drástica. Mas Noé foi achado e recebeu de Deus uma ordem tremendamente complexa. Bem mais difícil do que a de Adão.
Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá. Salmos 101:6
Noé teve de anunciar que havia um dilúvio e convidar pessoas a entrar na arca. Deveria também construir uma complexa e aparelhada embarcação. Noé acreditou no que poderia ser algo impossível à época, visto que alguns historiadores falam que nem chuva existia antes do dilúvio.
Noé construiu e finalizou a sua complexa obra de engenharia debaixo de forte confronto. Foi desafiado na sua fé, no seu ânimo, na sua determinação e, quem sabe, até mesmo na sua integridade física, pois não faltam opositores violentos contra quem confronta as coisas erradas e é identificado como alguém que teme a Deus.
A etapa de Noé estava concluída. Ele convidou as pessoas a entrar na arca e, exceto a sua família, que, por questões culturais, cumpria as suas ordens. Afinal Noé era o patriarca. Ninguém mais entrou na arca.
A parte talvez mais complexa seria colocar um casal, exatamente, um casal de macho e fêmea, na arca. Como convencê-los a isso? Seria uma caçada complicada para Noé. Afinal, somente sua família estava obedecendo-o e não sabemos com qual ânimo.
Mas essa parte, Deus se incubiu de fazer. Havia feras do campo, acostumadas a viver em florestas, bem como pássaros, acostumados a viver em árvores, macacos, acostumados a transitar com rapidez entre as árvores, como águias que voavam alto. Enfim. Deus deu ordem a todos eles: vão para a arca. E todos eles foram, ordenadamente e se resignaram ao desconforto do confinamento, da falta de exercício, da convivência obrigatória mútua com animais de outras espécies e até com o fato de terem deixado suas famílias e grupos para trás. Afinal, era uma vaga por casal de espécie. A maioria não foi comtemplada.
Contrário aos homens, a natureza não falhou com o criador: o rol de animais entraram na arca resignados e a chuva caiu. A natureza proveu movimento das águas para inundar a terra. Poderia ser terrível, matar muita gente, animais e plantas, mas era a ordem do Eterno e ordem que vem dEle não se discute, não se questiona, não se desconfia, não se julga e sequer se tenta fazer alterações, mesmo que pequenas.
Davi discorreu com muita profundidade e exatidão acerca da Lei de Deus. Ele “modelou” a Lei de Deus para que um homem de modestíssimo conhecimento pudesse entender com a mesma clareza que o mais erudito e formado dos mortais: A “Lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e iluminas os olhos. O Temor do Senhor é limpo, e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.”
Terminado o dilúvio e cumprindo-se os propósitos de Deus, o Eterno fez uma nova aliança com o ser humano e disse em Genesis 9.9-16.
Contudo, o homem voltou a pecar e a descumprir as ordens mais básicas do Criador, enquanto a natureza mantinha-se no mesmo padrão de cumprimento de suas complexas leis que regem desde os átomos às galáxias. Na orquestra da natureza nenhum átomo, muito menos galáxia, ou animas, desviaram-se das ordens específicas do Criador.
Os desvios dos homens e mulheres de duas cidades incomodaram tremendamente a Deus. Refiro-me a Sodoma e Gomorra.
Deus anunciou a sua destruição e encontrou pela frente nada mais nada menos do que Abraão. Não era qualquer um. O pai da fé teve a sua obediência próxima a dos vegetais e animais. Falhou poucas vezes pelo que as Sagradas Escrituras que, por sua profunda veracidade, não poupava nem mesmo os heróis da fé em seus erros.
Abraão amava a Deus que amava a natureza. Fez uma conta que misturou a atitude de um gênio dos números com a de um jurista. Conseguiu defender a cidade que só precisava de apenas um membro que não fosse da família de Ló que temesse a Deus para que se salvasse.
Abraão conhecia a firmeza do Eterno que, conhece a nossa estrutura e lembra-se de que somos pó como disse Davi no salmo Salmo 103.14, mas que não se deixa escarnecer como diz as Santas Escrituras em Gálatas 6.7.
Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó. Salmos 103:14
Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Gálatas 6:7
Abraão, em Gênesis 18, começou a defesa para que Deus não destruísse as cidades de Sodoma e Gomorra questionando a Deus se Deus poderia evitar a destruição se houvesse pelo menos 10 justos. Começou com 50 e foi até 10. Em Gn 18.33, último versículo do capítulo, que sucede ao pedido de Abraão e promessa de Deus que não destruiria Sodoma e Gomorra por conta dos 10, diz que: “E retirou-se o Senhor, quando acabou de falar a Abraão; e Abraão tornou-se ao seu lugar.”
Abraão e Deus sabiam que na família de Ló havia 6 pessoas. Só precisava de mais 4 pessoas, 2 casais: um casal por cidade. Se Abraão descesse à metade, por exemplo, ficaria em 5. Deus e Abraão sabiam que a família de Ló era 6. Abraão não poderia ser um litigante de má fé com o Eterno que não se deixa escarnecer. Portanto, Abraão parou de pleitear certamente quando viu que Deus sabia que não havia nenhum sequer naquelas cidades que o temiam. Teria sido isso que entristeceu profundamente ao Eterno. Assim, Sodoma e Gomorra foram destruídas.
Deus as destruiu, mas não as esqueceu. Jesus lembrou a Cafarnaum, em Mateus 11.20-24, que o juízo sobre ela seria maior que o de Sodoma.
Depois Deus chamou um homem escolhido a dedo para fazer dele uma grande nação: Abraão. O objetivo maior de Deus não era fazer uma grande nação no planeta terra apenas por motivos políticos etc. Deus usaria a história de um povo para, através dela, completar seu Plano Final de Salvação para toda a humanidade.
Através de Abraão Deus fez uma grande nação e ficou conhecido em todo o mundo por meio desta nação: Israel. Mas por diversas vezes esta nação, feita por humanos, desobedeceu a Deus, distanciou-se dos seus caminhos e fez o que era mal aos olhos do Eterno.
Inúmeras vezes Deus usou diversos expedientes, inclusive castigos, para fazê-los voltar-se para Ele e novamente o adorá-lo como único Deus.
Nesta multidão de demonstrações das misericórdias eternas de Deus, houve tempos de altos e baixos para o povo de Israel. Havia uma promessa de que o Salvador da Humanidade, que pisaria à cabeça da serpente do Éden nasceria deste povo escolhido, e assim aconteceu.
Todavia, seu povo não o reconheceu como tal. Esperavam alguém que pudesse libertá-los do hoje inexistente Império Romano. Jesus tirou a dúvida deles de forma implacável dizendo que seu Reino não era deste mundo, em João 18.36.
Jesus Cristo veio, morreu, ressuscitou e vive. Ele nos trouxe a graça de sermos perdoados sem merecermos e de sermos justificados sem termos justiça em nós mesmos.
Quando Jesus morreu, entregando-se por todos nós, morto pelas mãos dos homens, pelos pecados dos próprios homens. Neste momento, a natureza obediente reagiu intensamente conforme diz em Mateus 27.51. Deve ter sido duro demais para ela ter suportado seu criador a quem homenageia desde a criação ser morto de forma bruta e humilhante: o justos pelos injustos.
Enquanto isso, a natureza continua seguindo as mesmíssimas leis estabelecidas por Deus desde o Éden. E nós, seres humanos, continuamos falhos, desobedientes recalcitrantes as Leis do Eterno.
E Deus continua em seu amor, bondade, misericórdia e justiça imutáveis nos chamando:
Prossigamos em conhecer o Senhor
Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra. Oséias 6:3
Por último, mesmo nós sendo miseráveis, desprezíveis e completamente incapazes de seguirmos regras básicas de Deus sem nos desviar, ele promete aos que o seguem, aos que o recebem como Senhor e salvador duas coisas que mostra o insondável amor do Eterno para conosco.
Em Mateus 28.20 diz:
Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém. Mateus 28:20
Em João 14. 1-3 ele diz:
Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. João 14:1-3
Isso mostra que Deus, depois de todas as traições da raça humana, depois de todas as benevolências e misericórdias disponibilizada aos homens e desprezadas por eles, ainda assim ele se mantém interessado em estar conosco aqui e na eternidade. Isso porque as suas misericórdias não tem fim, conforme diz Lamentações 3.22,23.
As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade. Lamentações 3:22,23
E ainda há espaço. Jesus Cristo continua dizendo:
Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. Mateus 11:28-30
Na contramão do mundo natural que procura os bons, os ricos, os felizes os que tem o que oferecer, o convite do Mestre recai especialmente sobre o que sofrem, os que estão desamparados, doentes, envoltos em pecados, em sofrimentos em angústias. Ou seja, os condenados e os que sofrem.
E por fim: Jesus nos deu uma ordem:
E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Marcos 16:15
“Ide por todo o mundo...”. Ou seja... Livra os que estão destinados a morte Provérbios 24.11.
Se tu deixares de livrar os que estão sendo levados para a morte, e aos que estão sendo levados para a matança; Provérbios 24:11
Ou seja, é como se Jesus nos dissesse: Vão atrás dos perdidos. Não precisa dizer que eles são maus e desobedientes porque eu vos conheço desde o Éden, mas eu os amo assim mesmo. Exatamente como são. A vontade dele está em 2 Pedro 3.9. Nós que somos família de Jesus, vamos lutar com todas as limitações que o homem tem mostrado desde o Éden, mas mostrando que somos família dele.
O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. 2 Pedro 3:9
Amém. Oração de agradecimento e pedindo a graça de Deus para sermos mais obedientes aos seus mandamentos.
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